sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Ministra anuncia para dentro de um mês alterações aos códigos penal e do processo penal

A ministra da Justiça disse na quinta-feira à noite, em Coimbra, que dentro de um mês deverão entrar em processo legislativo as alterações intercalares ao código penal e código do processo penal para evitar os expedientes dilatórios.


“Nesta revisão pontual teremos alterações quanto à aplicação das medidas de coação, à possibilidade das declarações dos arguidos prestadas perante advogado e magistrado do ministério público ou judicial serem válidas em julgamento, ao regime de prescrição, efeitos dos recursos e eliminação da aclaração”, sublinhou Paula Teixeira da Cruz.

A governante, que falava numa conferência sobre “Reformas Empreendonárias da Justiça”, promovida pela Fundação Inês de Castro, adiantou que as alterações vão incidir também sobre os julgamentos dos processos sumários e na obrigatoriedade de constituição de assistente das pessoas colectivas em casos de furto.

“Há situações diagnosticadas que entravam o funcionamento da justiça e que permitem, de facto, que exista uma justiça para ricos e outra para pobres”, disse a ministra da Justiça, que pretende evitar a existência de meios dilatórios, responsáveis pela morosidade na resolução dos processos judiciais em Portugal e que beneficiam os cidadãos mais ricos.

Segundo Paula Teixeira da Cruz, a reforma intercalar “será muito rapidamente, em menos de um mês entrará em processo legislativo”, uma vez que as questões “que de alguma forma pervertem o sistema estão diagnosticadas”.

A governante explicou que, num segundo passo, “teremos uma comissão que fará a harmonização, a ressistematização dos dois códigos, incluindo também muitos crimes que hoje constam de legislação avulsa, designadamente legislação que adoptámos por importação comunitária”.

Na conferência, a titular da pasta da Justiça efectuou um balanço dos seis meses de actividade do Governo nesta área, afirmando que as reformas em curso e as que estão previstas têm como “principal objectivo a dignificação da Justiça”.

Na sua intervenção, anunciou ainda que o ministério já procedeu à uniformização do regime de custas judiciais, que vai permitir aos oficiais de justiça libertar “milhares de horas de trabalho para aquilo que é essencial no judiciário”.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

E tanta razão têm eles para se calar por FERREIRA FERNANDES

O cinema não foi inventado por juristas portugueses e, por isso, começou por ser mudo. Começou em 1888, com Louis Aimé Le Prince, em Leeds, câmara focando o seu filho, os sogros e uma senhora, em cena de dois segundos? Ou começou em 1895, com os irmãos Lumière, em La Ciotat, no Sul de França, com um jardineiro, um garoto e uma mangueira de jardim? Um ou outro começou o cinema, e ambos calados. O quarteto de Le Prince olha-nos de frente, dá largas passadas, quase dança, e tudo acaba silenciosamente, de costas. O jardineiro dos Lumière vai espreitar a boca da mangueira, admirado por não haver débito, e quando leva com um jato de água porque um miúdo deixou de pisar a borracha corre para o castigar... Nem uma palavra nos dois filmes e conta-se a elegância das gentes vitorianas, num, ou a comédia dos mediterrânicos, malandros e expansivos, noutro. O mais desconhecido entre os inventores da arte cinematográfica, esse Le Prince, levou o culto do silêncio à extrema demonstração: um dia de 1890, apanhou um comboio de Paris para Dijon e nunca mais foi visto, uma lápide de mistério caiu-lhe em cima até hoje. Mais mudo não podia ser. O filme O Artista, que está aí para abocanhar Óscares, todo ele também calado, recupera o cinema desse passado. E lembro esse tanto dizer sem palavras, num dia, começo do ano judicial, em que fomos afogados por tantos discursos sem dizeres. A venda da Justiça deveria cair-lhes para a boca.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Justiça tem gasto vários milhões em reformas falhadas

Reformas de notariado, ação executiva, apoio judiciário, mapa judiciário e outras revelaram-se um falhanço.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Gota de Água - Sexta-feira, 27 de Janeiro de 2012 - CARTA DE MARINHO PINTO - MINISTRA DA JUSTIÇA

CARTA DE MARINHO PINTO - MINISTRA DA JUSTIÇA: E UMA RELAÇÃO INTENSA!
"Depois de andar a acusar-me de lhe dirigir ataques pessoais, a sra. ministra da Justiça veio agora responder à denúncia que eu fiz de ter usado o cargo para favorecer o seu cunhado, Dr. João Correia. Diz ela que não tem cunhado nenhum e que isso até se pode demonstrar com uma certidão do registo civil. Já antes, com o mesmo fito, membros do seu gabinete haviam dito à imprensa que ela é divorciada.
Podia explicar as coisas recorrendo à explícita linguagem popular ou até à fria terminologia jurídica que têm termos bem rigorosos para caracterizar a situação. Vou fazê-lo, porém, com a linguagem própria dos meus princípios e convicções sem deslizar para os terrenos eticamente movediços em que a sra. ministra se refugia.
A base moral da família não está no casamento, seja enquanto sacramento ministrado por um sacerdote, seja enquanto contrato jurídico homologado por um funcionário público. A base moral da família está na força dos sentimentos que unem os seus membros.
Está na intensidade dos afectos recíprocos que levam duas pessoas a darem as mãos para procurarem juntas a felicidade; que levam duas pessoas a estabelecerem entre si um pacto de vida comum, ou seja, uma comunhão de propósitos existenciais através da qual, juntos, se realizam como seres humanos.
Através dessa comunhão elas buscam em conjunto a felicidade, partilhando os momentos mais marcantes das suas vidas, nomeadamente, as adversidades, as tristezas, as alegrias, os triunfos, os fracassos, os prazeres e, naturalmente, a sexualidade.
O casamento, quando existe, agrega tudo isso numa síntese institucional que, muitas vezes, já nada tem a ver com sentimentos, mas tão só com meras conveniências sociais, morais, económicas ou políticas. Por isso, para mim, cunhados são os irmãos das pessoas que, por força de afectos recíprocos, partilham entre si, de forma duradoura, dimensões relevantes das suas vidas.
É um gesto primário de oportunismo invocar a ausência do casamento para dissimular uma relação afectiva em que se partilham dimensões fundamentais da existência, unicamente porque não se tem coragem para assumir as consequências políticas de opções que permitiram que essa relação pessoal se misturasse com o exercício de funções de estado, chegando, inclusivamente, ao ponto de influenciar decisões de grande relevância política.
Tal como o crime de violência doméstica pode ocorrer entre não casados também não é necessário o casamento para haver nepotismo. Basta utilizarmos os cargos públicos para favorecermos as pessoas com quem temos relações afectivas ou os seus familiares. Aliás, é, justamente, aí que o nepotismo e o compadrio são mais perniciosos, quer porque são mais intensos os afectos que o podem propiciar (diminuindo as resistências morais do autor), quer porque pode ser mais facilmente dissimulado do que no casamento, pois raramente essas relações são conhecidas do público.
Aqui chegados reitero todas as acusações de nepotismo e favorecimento de familiares que fiz à Sra. Ministra da Justiça. Mas acuso-a também de tentar esconder uma relação afectiva, unicamente porque não tem coragem de assumir as consequências políticas de decisões que favoreceram o seu cunhado, ou seja o irmão da pessoa com quem ela estabeleceu essa relação. Acuso publicamente a Sra. Ministra de tentar tapar o sol com a peneira, procurando dissimular uma situação de nepotismo com a invocação de inexistência de casamento, ou seja, refugiando-se nos estereótipos de uma moralidade retrógrada e decadente.
A sra. ministra da Justiça tem o dever republicano de explicar ao país por que é que nomeou o seu cunhado, dr. João Correia, para tarefas no seu ministério, bem como cerca de 15 pessoas mais, todas da confiança exclusiva dele, nomeadamente, amigos, antigos colaboradores e sócios da sua sociedade de advogados. Isso não é uma questão da vida pessoal da Sra. Ministra. É uma questão de estado.
Nota: Desorientada no labirinto das suas contradições, a sra. ministra da Justiça mandou o seu chefe de gabinete atacar-me publicamente, o que ele, obediente, logo fez, mas em termos, no mínimo, institucionalmente incorrectos. É óbvio que não respondo aos subalternos da sra. ministra, por muito que eles se ponham em bicos de pés."
Publicada por JJ em Sexta-feira, Janeiro 27, 2012
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Etiquetas: Bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho Pinto

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Procurador do caso Duarte Lima com processo disciplinar

Começa a ser um hábito no Ministério Público: sempre que um caso suscita polémica pública, abre-se um processo disciplinar ao respectivo procurador.

A receita voltou a ser aplicada no caso de Duarte Lima e a eventual fuga de informação que permitiu aos jornalistas estarem junto à casa do antigo deputado do PSD no dia das buscas e da sua detenção. Pinto Monteiro, procurador-geral, ordenou a abertura de um inquérito disciplinar contra o procurador Rosário Teixeira, o responsável pela investigação.