sábado, 29 de setembro de 2012

MINISTRO DA DEFESA AGUIAR-BRANCO SUSPEITO DE USAR CARGO PARA ARRANJAR CLIENTES PARA A SUA EMPRESA DE ADVOGADOS - A JPAB

MINISTRO DA DEFESA AGUIAR-BRANCO SUSPEITO DE USAR CARGO PARA ARRANJAR CLIENTES PARA A SUA EMPRESA DE ADVOGADOS - A JPAB
Carlos Tomás

Um advogado foi detido para identificação após fotografar um carro estacionado no passeio que estava ao se
rviço do ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco. O advogado António Vilar resolveu fotografar a viatura, um Alfa Romeo preto que pertence à PSP, porque este estava parado em pleno passeio da rua onde funciona, no Porto, o escritório de advocacia de Aguiar-Branco. E meteu-se me trabalhos.
Quando começou a fotografar o carro mal estacionado, António Vilar foi de imediato abordado e detido para identificação por agentes do Corpo de Segurança Pessoal da Polícia, que depois o mandaram embora. Mas ninguém explica os motivos de o governante, em tempo de crise, não ter problemas em gastar mais de 12 mil euros por mês em segurança policial para andar “a passear” entre Lisboa e o seu escritório de advocacia no Porto, localizado na Rua Dr. José Falcão, junto à Torre dos Clérigos.

Segundo o advogado António Vilar, é frequente o carro ao serviço do ministro estar às segundas e sextas-feiras parado em cima do passeio, facto que “o Crime” confirmou junto de vários moradores e comerciantes locais que, no entanto, se refugiaram no anonimato por temerem “represálias desse senhor”. Fonte do gabinete de José Pedro Aguiar-Branco desmentiram quer o advogado quer os populares, dizendo ser falso que o carro e os agentes estejam no local todas as segundas e sextas-feiras e que é a PSP que determina a segurança que é atribuída ao ministro. O nosso jornal fez perguntas quer à Direcção Nacional da PSP, quer ao gabinete do ministro da Defesa que, até hoje, permanecem sem resposta.
“Eu estou farto de ver o carro em causa mal estacionado e resolvi fotografar para registar e pedir a intervenção da PSP para rebocar a viatura e multar os infractores. O carro não tinha nda a dizer que era da Polícia. De repente fui abordado pelos agentes. Um deles deu-me ordem de detenção e pediu-me a identificação e eu respondi: ‘mostre-me a sua primeiro.’ O indivíduo abriu uma carteira com um crachá prateado e disse que era da PSP. Eu mostrei a minha identificação. Perguntou-me se eu não sabia que não podia fotografar carros da Polícia. Retorqui que o carro nada tinha que o identificasse como tal. Disse-lhe que era advogado e acabaram por me mandar embora”, contou a “o Crime” António Vilar, indignado com a situação, rematando: “É um abuso e uma afronta a todos os cidadãos que são diariamente multados pela PSP por situações semelhantes. As pessoas têm medo de falar, mas eu não me calo."

Mulher de polícia confirma
A mulher de um dos agentes que faz a segurança pessoal do ministro, residente na região de Lisboa, contactada pelo “o Crime”, confirmou ao nosso jornal as constantes ausências do marido para o Norte: “Ele está sempre a viajar. No início era só à segunda-feira que me dizia para não contar com ele porque tinha de ir com o ministro para o Porto. Ultimamente passou a ser também às sextas-feiras. Confesso que cheguei a pensar que ele me mentia. Mas quando vi a notícia na televisão e nos jornais percebi que afinal era verdade. Eu não me importo, porque, assim, sempre é mais dinheiro que entra em casa.”
Na zona sabe-se que o governante suspendeu as suas funções na Ordem dos Advogados, facto que “o Crime” confirmou. “Se ele suspendeu a actividade o que vem fazer ao escritório? Não é actividade partidária, certamente!”, disse Luís Mendes, um morador da Rua Dr. José Falcão. Certo é que, segundo “o Crime” apurou, a JPAB tem vindo a aumentar o número de clientes desde que o ministro tomou posse e há informações de que membros do gabinete do ministro têm por missão contactar empresas públicas e privadas, nomeadamente do sector bancário, a oferecer os seus serviços de consultadoria. Um responsável de um banco, ouvido pelo nosso jornal, confirmou a recepção de uma carta e confessou ter ficado constrangido com a resposta a dar. “Quem é que recusa a assessoria à empresa de um ministro?”, questionou uma das nossas fontes. Uma outra fonte acusou a recepção de uma carta semelhante nas Águas de Portugal. Sobre estas matérias ninguém se pronunciou oficialmente.
Curiosamente, o ministro da Defesa afirmou anteontem que a austeridade anunciada pelo Governo esta semana “prejudica um bocadinho os funcionários públicos”, mas defendeu “que estes têm um regime facilitador do emprego”. Pois...

Perguntas sem resposta
Aqui fica parte do teor do e-mail enviado para o Ministério da Defesa e para a Direcção Nacional da PSP: “Quantos agentes da PSP estão destacados para a segurança pessoal do senhor ministro?; a que unidade pertencem e quanto é que o Estado já gastou desde 2011/12 com a segurança do ministro da Defesa?; foram ou não enviadas cartas pela JPAB a oferecer os seus serviços, já com o Dr. Pedro Aguiar-Branco como ministro, às Águas de Portugal e a várias entidades bancárias, entre outras empresas?”

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